Sabem o que me deixa mais puto atualmente? Não é a defesa do Sport que toma pelo menos uns 2 gols todo jogo, nem esse inferno de calor de Recife que me cozinha dentro do meu próprio quarto, nem muito menos a burocracia do consulado americano para que eu possa tirar o meu visto, talvez, a minha irmã mais nova que me faz questionar se temos o mesmo sangue.
O que mais de revolta sou eu mesmo. Fico indignado com o fato daquele André, de 10, 11, 12 anos, menor da turma, do tamanho de nada, que não engolia desaforo. Que batia de frente com tudo, fosse verbalmente, fosse na tapa mesmo. O couro comia comigo nessa época, eu batia, depois perguntava, as vezes apanhava.
Hoje sou uma mãe. Qualquer um que venha, dê na minha cara e fica por isso mesmo. Ao contrário de Rocky Balboa, eu não sou movido a tapa. Se me batem, eu sinto. Se me batem mais, eu caio. E é essa minha insistência em apanhar que me deixa revoltado. Olho para todos os meus lados e vejo coisas erradas e simplesmente não faço nada.
Estou formado em Direito numa das melhores faculdades do país e sabe o que eu sou agora? Nada. Tenho meus objetivos, quero ser da polícia, quero resolver bronca por aí, não nasci pra ser advogado, passar dia em escritório assinando papel e indo pra tribunal puxar saco de juiz safado. Não nasci pra isso. Nasci pra dar tapa na cara de malandro!
E foi essa pátria que me pariu assim! País nojento, onde tudo é feito para que seja feito da forma errada, onde um é maior do que todos! Como engolir a última decisão do STF que disse que o motorista embriagado que cometer matar alguém enquanto estiver ao volante é inocente?! Por causa desses filhos da puta do supremo, todos de rabo preso com o Poder Executivo, já que estão lá por indicação de Dilma, e esta só está lá por conta da bandidagem do Legislativo, por causa desses desgraçados, o cara que matou meu cunhado e a mãe dele vai continuar solto nas ruas para acabar com outras famílias.
E eu aqui vendo tudo isso calado. Só olhando. Assim como vocês que também estão só olhando tudo isso que acontece a nossa volta. E eu continuo escrevendo. Só escrevendo. Até a hora que pararem de me bater por 5 segundos, é só disso que eu preciso para me levantar e começar a bater de volta. E eu vou me levantar, porque apanhar dói, mas bater cansa, e todo mundo uma hora para respirar.
Tá tudo errado.
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E como está.
Tenho vivido um dilema parecido. Faço engenharia de produção, mas sinto enjôo quando penso em passar a vida sentando a bunda numa indústria, tomando todo tipo de precaução quanto à minha imagem. Eu tenho que fazer algo que me faça mudar alguma coisa no mundo, nem que seja só convencer os outros a adotar outra postura. Sou indignado com o Brasil também e às vezes fico puto por ter nascido aqui. Muita baderna, muita sacanagem, o pessoal não tem senso de coletivo e tudo continua uma merda. A verdade é que viver pode ser muito difícil.
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