11/25/2011

Meu maracatu pesa uma tonelada


É aquela coisa, a gente vai fazer cagada durante toda nossa vida, mas acredito que essa fase adolescência-juventude-início da fase adulta seja a mais “produtiva”, a época que nós mais fazemos besteiras em toda nossa vida. E essas falhas vão ficar marcadas em nossa vida até o seu fim, não tem jeito.

Nem adianta tentar evitar, você vai até evitar uma ou outra, mas as principais vão ocorrer. E logo após, geralmente junto da ressaca, vem a tal culpa. E essas culpas vão juntando em nossas costas, pensando demais, nos entortando. Uns aguentam, tem as costas fortes, outros não, quebram logo no meio.

Bem, a única forma de tirar esse peso nas costas é o tal do perdão, só isso dissipa essa culpa, porém quase nunca isso ocorre. Você vai lá, magoa alguém, as vezes sem querer mesmo, o que é pior, pois você pode nem perceber o que fez, e pronto. Um saco de cimento em suas costas para você carregá-lo pelo resto da vida no sol quente.

Você pode até tentar se desculpar por suas cagadas, mas nem sempre vai ter sucesso nisso. Contudo a um outro caminho que vai te ajudar nisso tudo, não sei se vai tirar esse peso, ou se vai te dar mais forças pra carregar, ou se simplesmente vai te ajudar nessa tarefa.

O fato é que você mesmo deve se perdoar por erros cometidos no passado. Você nunca poderá voltar no tempo e mudar o curso da história, mesmo que pudesse fazer isso, logo após você faria outro serviço equivalente. Porém, não é porque você errou que você tem que ser condenado a prisão perpétua, cabe a você, após refletir sobre tudo o que você fez, se perdoar. Deixar tudo aquilo pra lá, seguir em frente. Vez ou outra é bom descarregar o caminhão, porque durante a viagem muito mais entulho vai vir, e é preciso espaço para ele.

11/18/2011

Banditismo por uma questao de classe


Meu vício do momento é ler o HQ de The Walking Dead (a mesma da tv), qualquer 15 minutos que eu tenho de folga, corro para ler alguma coisa. Diferentemente da tv, no HQ a história é bem mais pesada, tem muito mais sangue, etc.

Para quem não conhece, Walking Dead é a típica história de zumbis que dominam a terra. De repente a terra é tomada por mortos-vivos e aqueles que só são vivos lutam cada dia por sua sobrevivência. Normal. Comecei a acompanhar por que sempre gostei desse gênero, acho muito divertido ver filmes desse tipo, mas quando comecei a ler o HQ que a história já vai no equivalente à 15ª Temporada para tv, me vi preso nisso tudo e refletindo sobre isso, só então passei a entender aquilo.

Não se trata de uma história a respeito da morte, de como todos vão morrendo ao longo do tempo quando menos se espera, e sim a respeito da vida, de como devemos valorizar ela, justamente por ela ser muito frágil, uma mordida de zumbi e tudo está acabado. Se temos uma joia ou um equipamento eletrônico mais caro, tratamos eles com mais cuidado para não estragar, a vida é muito mais cara que isso.

Fala também a respeito que por mais que estejamos habituados com as pessoas à nossa volta indo embora (seja de forma literal ou figurativa), nós nunca lideremos bem com essas despedidas, por mais que elas tentemos nos preparar para elas, que esperemos por ela. Não adianta, somos bichos feitos para nos apegar àqueles que estão a nossa volta. Qualquer traço em comum, por mínimo que seja, é o suficiente para focarmos nele como algo favorável a um relacionamento, mesmo que todos os outros pontos sejam incrivelmente inversos. Você nunca estará pronto pra dizer adeus ou viver sozinho, por mais habituado que você esteja a isso.

Enfim, estejam sempre alertas para uma invasão zumbi, ela pode acontecer a qualquer momento. Você pode ser mordido e virar um, você poderá ver alguém ao seu lado ser mordido e ter que escolher em deixá-lo virar um morto-vivo ou arrancar a cabeça dele para acabar com um possível sofrimento, você se ver em situações que nunca imaginou. Isso não estar morto, isso é estar vivo.

11/11/2011

Risoflora


Não estou curtindo muito meus últimos textos, prefiro falar de coisas mais bonitas que toda aquela depressão. Como quem sabe faz e quem não sabe copia, eu vou contar uma historinha com a enorme colaboração de Hugo Arraes e Lu, além de um tal de Chico.

Risoflora é uma das músicas mais bonitas que eu já ouvi, mas depois que eu entendi um pouco mais sobre ela é que eu passei a admira-la ainda mais. Se eu fosse uma mulher e um cara escrevesse algo do tipo pensando mim, ele não precisaria fazer mais nada por mim pelo resto de nossas vidas.

Segundo o próprio Chico, é uma música que fala do amor de um pescador marginal por uma lavadeira. Mas é muito, muito mais do que isso. Risoflora, ou Rhizofora Mangle, é a vegetação típica do mangue, na qual inclui também um tipo de flor. Possui a característica de ter suas raízes elevadas, assemelhando-se à braços.

Reza a lenda que ele escreveu essa música para a sua mulher na época, Maria Duda. Ao dizer que ele é um caranguejo e está de andada, significa que ele estava sem destino. O uso do “caranguejo” e da “risoflora” não foram por acaso, na natureza, um depende do outro pra viver. Um vive pelo o outro, sem um, o outro não vive.

Chico, assim feito eu, também é era pisciano, “daqueles que têm uma tendência atávica a se apaixonar - e sofrer”. Bem, só posso dizer que entendo bem tudo o que ele quis dizer com essa letra.

Eu sou um caranguejo e estou de andada
Só por sua causa, só por você, só por você
E quando estou contigo eu quero gostar
E quando estou um pouco mais junto eu quero te amar
E ai de deitar de lado como a flor que eu tinha na mão
E ai esqueci na calçada só por esquecer
Apenas porque você não sabe voltar pra mim
Oh Risoflora !
Vou ficar de andada até te achar
Prometo meu amor vou me regenerar
Oh Risoflora !
Não vou dar mais bobeira dentro de um caritó
Oh Risoflora, não me deixe só
Eu sou um caranguejo e quero gostar
Enquanto estou um pouco mais junto eu quero te amar
E acho que você não sabe o que é isso não
E se sabe pelo menos você pode fingir
E em vez de cair em suas mãos preferia os seus braços
E em meus braços te levarei como uma flor
Pra minha maloca na beira do rio, meu amor !
Oh Risoflora !
Vou ficar de andada até te achar
Prometo meu amor vou me regenerar
Oh Risoflora !
Não vou dar mais bobeira dentro de um caritó
Oh Risoflora, não me deixe só.”

11/04/2011

Quando a maré encher


De uns tempos pra cá eu me tornei uma pessoa extremamente pessimista, nunca fui assim. Sempre fui daqueles que sempre acreditava que no final tudo daria certo, até o momento que comecei a me perguntar se haveria final.

Me dei conta disso essa semana, recebi a melhor notícia do ano e sabe qual foi a minha reação? Nenhuma. Fiquei naquela de pensar que algo estava errado ou poderia dar errado. Uns 9 pés-atrás. É muito chato isso! É tão bom poder dividir suas alegrias, vibrar, comemorar, fazer com que as pessoas a sua volta não tenham que carregar somente os fardos, mas também os louros.

Percebo que quanto mais velho fica, mais pessimista você fica. Vai vendo muita coisa, vivendo muita coisa, nesses  casos, coisas ruins. Aos poucos vai se dando conta que vida é vida e não filme. Mas também chega um ponto da vida que você fica mais velho e começa a apreciar mais tudo a sua volta, passa a valorizar porque sabe que o pior já passou, talvez seja a volta do otimismo.

Talvez tudo em minha vida ainda esteja muito recente, talvez ainda as coisas proporcionalmente boas às coisas ruins que aconteceram ainda estejam por vir e assim equilibrar tudo, dando o livre arbítrio de escolher ser otimista ou pessimista.

Mas até lá eu não vou esperar muita coisa não, o que vier tá bom. Ou não, né?