10/28/2011

Rios, pontes e overdrives


Chega a ser perturbador como tudo na vida, na teoria, é tão mais fácil na teoria do que na prática. Você sabe mais do que ninguém que todas as suas ações geram reações, consequências, muitas vezes não só para você, mas para pessoas a sua volta. Às vezes, até para pessoas que você nem percebe que estão a sua volta.

Todo mundo é um ótimo conselheiro, procura ajudar o outro contando algo que já viveu, explica que aquela pessoa está fazendo besteira, mas quando os papeis se invertem, você vai lá e faz tudo de novo. Não pensa. Não é impulso, é burrice. É a natureza humana.

Se pensássemos por poucos segundos antes de fazer qualquer coisa, em tudo àquilo que poderá ser causado por aquela sua ação, em todos que serão afetados por isso, teríamos menos arrependimentos na vida. É se colocar no lugar do outro, lembrar que você já passou por aquilo e não foi legal, por que então fazer o mesmo com outra pessoa?

Claro, muitas vezes se age com más intensões, você prejudica o próximo sabendo o que está fazendo, sobre isso não há o que se fazer. Mas no meu caso, na absoluta maioria das vezes, eu faço besteira sem saber o que estou fazendo, só me dou conta depois que vejo o estrago.
Mas isso tudo é teoria, na prática é outra história.

Esse mês é só Nação Zumbi.

10/21/2011

Ti offro da bere


Um dos maiores questionamentos dos homens que vivem em Recife é por que mulher bonita tem que ser tão fresca? É um tal de não me toque, de querer dar forinha (não só o fora em si, o "não", mas respostinhas do tipo - "nunca te dei liberdade para brincar assim comigo!"), de não socializar, de ter nojinho de tudo.

Sério mesmo, menina que se acha demais, por mais bonita que seja, acaba ficando feia e o melhor (melhor para quem vê de fora, pior pra ela) acaba sozinha, no máximo, na maioria das vezes, arruma um namorado tão fresco quanto ela. Além de metido, é um bicho invejoso, se veem uma mulher mais bonita que elas se dando bem com os demais, tratando todo mundo bem, procura fazer de tudo pra colocar pra baixo essa outra. É incrível.

Tem uma lenda que homem que consegue ficar com mulher de Recife, consegue ficar com mulher de qualquer lugar do mundo porque aqui o negócio é bem complicado. Aqui é o ninho dos bichos mais frescos e pedantes do Brasil. Nasceu aqui, morou em Boa Viagem, estudou no Santa Maria OU DAMAS OU SÃO LUÍS (alterado devido à reclamações hahahaha obviamente que estou generalizando, conheço muita menina nesse perfil que não é nada disso), nem chegue perto porque é viagem perdida. Só se misturam com seus iguais em ambientes próprios como as raves comandadas pelos Tiestos da vida e boates da moda (que deixam de ser da moda quando a classe média baixa começa a frequentar).

Um exemplo típico é uma menina que malhava lá na academia. Lá era o maior não me toque do mundo, não falava com ninguém. Um dia numa prévia aqui em Recife, quem eu encontro em uma rua escura na maior pegação? Ela. Claro que esperei ela me ver, dei aquele sorrisinho - "ah danada!" e fui embora. Nos demais dias na academia, passava por mim toda desconfiada, como se ela não fosse de fazer aquilo. Essa semana encontrei ela de novo numa festa caçando. Antes que digam que ela é uma pessoa tímida, ela é metida mesmo, ninguém podia falar com ela que ela virava a cara ou dava um fora.

Sinceramente eu não entendo qual é o objetivo dessa gente. Se isolar do mundo? Olhar todos de cima pra baixo? Não tem a capacidade de perceber que se fossem mais amáveis e abertas com a plebe seriam bem mais felizes? Podem até ser metidas, mas são proporcionalmente tão burras quanto.

10/14/2011

Legata ad un granello di sabbia


Sabem o que me deixa mais puto atualmente? Não é a defesa do Sport que toma pelo menos uns 2 gols todo jogo, nem esse inferno de calor de Recife que me cozinha dentro do meu próprio quarto, nem muito menos a burocracia do consulado americano para que eu possa tirar o meu visto, talvez, a minha irmã mais nova que me faz questionar se temos o mesmo sangue.

O que mais de revolta sou eu mesmo. Fico indignado com o fato daquele André, de 10, 11, 12 anos, menor da turma, do tamanho de nada, que não engolia desaforo. Que batia de frente com tudo, fosse verbalmente, fosse na tapa mesmo. O couro comia comigo nessa época, eu batia, depois perguntava, as vezes apanhava.

Hoje sou uma mãe. Qualquer um que venha, dê na minha cara e fica por isso mesmo. Ao contrário de Rocky Balboa, eu não sou movido a tapa. Se me batem, eu sinto. Se me batem mais, eu caio. E é essa minha insistência em apanhar que me deixa revoltado. Olho para todos os meus lados e vejo coisas erradas e simplesmente não faço nada.

Estou formado em Direito numa das melhores faculdades do país e sabe o que eu sou agora? Nada. Tenho meus objetivos, quero ser da polícia, quero resolver bronca por aí, não nasci pra ser advogado, passar dia em escritório assinando papel e indo pra tribunal puxar saco de juiz safado. Não nasci pra isso. Nasci pra dar tapa na cara de malandro!

E foi essa pátria que me pariu assim! País nojento, onde tudo é feito para que seja feito da forma errada, onde um é maior do que todos! Como engolir a última decisão do STF que disse que o motorista embriagado que cometer matar alguém enquanto estiver ao volante é inocente?! Por causa desses filhos da puta do supremo, todos de rabo preso com o Poder Executivo, já que estão lá por indicação de Dilma, e esta só está lá por conta da bandidagem do Legislativo, por causa desses desgraçados, o cara que matou meu cunhado e a mãe dele vai continuar solto nas ruas para acabar com outras famílias.

E eu aqui vendo tudo isso calado. Só olhando. Assim como vocês que também estão só olhando tudo isso que acontece a nossa volta. E eu continuo escrevendo. Só escrevendo. Até a hora que pararem de me bater por 5 segundos, é só disso que eu preciso para me levantar e começar a bater de volta. E eu vou me levantar, porque apanhar dói, mas bater cansa, e todo mundo uma hora para respirar.

Tá tudo errado.

10/07/2011

Quello che conta


Ontem (no caso, dia 24/09) foi o casamento do meu mais antigo amigo, e depois da ressaca comecei a refletir sobre tudo aquilo. E fiquei feliz. Nos dias de hoje onde o desapego virou rotina, como é bom ver alguém que você gosta de verdade dando certo na vida. O cara cresceu comigo, brincamos na rua todos os dias em nossa infância, aprontamos na nossa adolescência, enfim, uma vida boa juntos. Nossa amizade é um relacionamento que deu certo.

Ontem vejo ele lá, no altar, cerimônia tradicional, tudo muito bonito, muito mesmo. Vejo ele lá sendo um homem de verdade na vida. Casando, prestes a ser pai, preocupado com as obras da sua própria casa na qual viverá com sua nova família. Tudo isso feito de forma rápida, porém sem pressa, tudo isso sendo feito porque os dois querem. Fico feliz vendo a felicidade dele. E alguém que esteve ao seu lado por tanto tempo não deixa de ser um exemplo também.

Eu “brinco” que não quero casar nem tão cedo. Realmente, não quero. Mas a situação dele agora é invejável, convenhamos. Enquanto eu fico procurando aquela pessoa especial para ter ao meu lado, ele já sabe exatamente onde essa pessoa especial dele está todos os dias. Eu não digo que queria estar no lugar dele agora, mas um dia quero estar sim. Não uso a busca por essa pessoa especial como um dos meus objetivos de vida, se for o caso de “terminar” sozinho, eu sei que serei feliz (na festa, TODOS os meus amigos de infância estavam com suas respectivas namoradas, só eu solteiro. Me garanti hahahaha).

Acho que tenho mais vontade de fazer alguém feliz do que de que alguém me faça feliz. Ainda tenho muita raiva para fazer nessa vida antes de fazer raiva a só uma pessoa. De toda forma, desejo, e não só desejo, colocarei isso na prática, tudo de melhor para esse novo casal. A felicidade deles, agora também é a minha felicidade. Se ele deu certo comigo por quase 20 anos, tenho certeza que dará certo com ela também. Pensa que é fácil conviver comigo?

Os títulos desse mês serão de músicas de Mike Patton´s Mondo Cane, só música italiana.

10/04/2011

O palavrão a troco de nada!


Em inglês, o rock tem o “f…” básico pra tudo! “F…” isso, “f…” aquilo, “f… mother f…”, não sai muito disso o discurso da turma do metal. Os rappers americanos também são bons nesta arte. Faz parte da cultura dos caras xingar a mãe, ainda que a própria ou as da plateia. É do jogo!

O que soou de certa forma meio estranho no primeiro fim de semana do Rock in Rio foi a boca suja de certas bandas brasileiras, cujo bom-mocismo lhes garante espaço cativo no TV Xuxa. Como se não bastasse o “é f…” traduzido para o português pelo cantor do NX Zero, o queridinho do Capital Inicial puxou um coro de 100 mil vozes para definir o momento como “do c…” (não é “do cacete”, não!)

O palavrão é a língua oficial da Cidade do Rock! Desceu do palco para a plateia, revelando uma nova tendência do baixo calão da garotada. Não se xinga mais para ofender ninguém como antigamente!

A ideia, pelo contrário, é externar o grau de satisfação pessoal com alguma coisa ou alguém. Quanto mais feliz o carinha, mais cabeludo o palavrão que ele berra na plateia.

Não há, pois, nada de errado com seu filho – relaxa, vai! Hoje em dia é assim mesmo!

Tutty Vasques

(Li esse texto no Estado de São Paulo, achei bem legal e resolvi postar aqui como um extra.)