7/22/2012

Troublemaker




Em tempos onde o politicamente correto virou regra, está cada vez mais difícil se expressar. Antes de falar qualquer coisa, eu tento pensar e repensar se vale realmente ser dito aquilo que eu quero, não porque eu tenha o objetivo de ofender alguém, mas sim por que não sei como a outra pessoa irá entender o que eu quero dizer.

Minha vida toda fui acostumado a falar “nego safado”, ou “viado safado”, ou “tricolor safado”, mas nunca de forma a ofender a quem eu estivesse me referindo. Ofender de verdade. Até porque sempre me chamaram de “mago safado” ou “galego safado”, mas sempre na boa. Tanto é que ninguém nunca se queixou desse tratamento que eu dou aos meus amigos negros, viados e tricolores. 

“Ah, mas é muito bom falar o que tu fala e só ter que se chamado de ‘mago’ depois”, verdade, muito mais cômodo pra mim. Quando algum sulista vem com preconceito contra nordestino pro meu lado eu fico revoltado. Sim, fico, e daí? Tem muito nordestino que adora ser pisado por sulista. Como eu disse, o que varia é a forma que é dita. Luana mesmo me chama de “paraíba” e eu falo da cabeça dela por ela ser do Ceará. E até onde eu sei, foi sempre tranquilo porque não foi de forma ofensiva e sim em tom de brincadeira.

Porém já vi muita gente se doer, e muito, por coisas bem mais leves. E são com essas pessoas com quem eu procuro ter cuidado. Bronca é saber quem são essas pessoas, por isso mesmo que cada vez mais procuro me censurar, evitar falar o que eu quero, por mais inocente que possa ser em minha cabeça. Acabou que esse blog e meu twitter me restaram como saídas para me expressar porque neles não preciso dirigir a palavra especificamente a alguém. No primeiro eu procuro falar de forma mais ampla possível e no segundo viva as indiretas que elas é que dão graça à vida.

Fui criado em Pesqueira falando da mãe dos meus amigos, da cor e da sexualidade deles, ou seja, filho da puta, nego e viado. E sempre convivi escutando essas coisas sobre mim. Mas sempre na boa, nunca ninguém precisou falar para o outro – “pare”. O limite quem faz é você. E quando eu falar aqui e não citar o seu nome, se achou ruim, pode ir se foder que eu não tô nem ai.

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