E se a vida começasse agora? No último sábado tive a experiência mais surreal da minha vida, o Rock in Rio, desde então tento explicar aos que me perguntam como foi lá e simplesmente não consigo, só respondo “surreal”. Mas vou tentar.
Ao chegar na região da Cidade do Rock você já sente uma atmosfera diferente, um clima mais leve no ar, todas aquelas pessoas de todos os lugares na fila com um único destino. Ao entrar você é tomado pela euforia, o “consegui chegar aqui”, você percebe que não tem mais volta. Uma alegria uníssona. Eis os shows.
O bairrismo. Essa é a palavra que descreve o show de Nação Zumbi e Tulipa Ruiz no Palco Sunset. Eu e meus amigos conseguimos ficar bem na frente do palco, chegando lá é que nos demos conta que a nossa volta só havia gente de Pernambuco. Bandeiras do estado, dos times daqui, o sotaque era o mesmo de shows em Recife. Entre um “Pelo Sport nada?” e um “Ah, é Pernambuco” era possível ver a cara de espanto de quem era de fora, sem entender o que estava acontecendo ali. Gritamos a plenos pulmões nosso orgulho de ser pernambucano.
A humildade. Assim podemos descrever o show de Milton Nascimento e Esperanza Spalding, isso por que após reencontrar um grande amigo que hoje mora em Minas que eu não o via há muitos anos, nós fomos curtir o show e para nossa surpresa quem estava ao nosso lado era Bola 8 e Toca Ogan, da Nação Zumbi que minutos antes estavam no palco para o mundo todo. Ficaram o show todo conosco falando da apresentação deles, de futebol, de tudo. Uma humildade e simpatia exemplar. Isso, assisti ao show ao lado das estrelas do show.
O talento. Esse é Mike Patton que se apresentou com a Orquestra de Heliopólis cantando músicas italianas. O cara é um mito, um carisma único, um verdadeiro astro no palco. Deu um show, algo único, para simplesmente olhar, aplaudir e reverenciar. Sim, existem pessoas acima das pessoas normais no mundo, Patton é um deles.
A dor. Capital Inicial fez um show muito emocionante, em dado momento homenageando o filho de Cissa Guimarães que naquele dia estaria completando 20 anos. Fui tocado por essa comoção e pude sentir a dor de todas as perdas que tive esse ano, como em alguns meses atrás eu vivia os piores momentos da minha vida e ali, naquela hora, e vivia o meu melhor. Chorei muito.
O amor. Nunca em toda minha vida me senti tão apaixonado como durante o show de Snow Patrol. Gary Lightbody com suas músicas consegue levar o amor ao coração de todos a sua volta, foi um sentimento que mulher ou time nenhum me fez senti antes. Claro, no final, ao som de Open Your’s Eyes tive a oportunidade de dar o beijo mais apaixonado que já dei em minha vida em alguém que ficou ao meu lado nas 4h seguintes e eu ao menos sabia seu nome. Foi lindo, foi perfeito. O título do post é justamente em homenagem a ela que se chamava Dani (só soube depois). Mas como em um filme, esquecemos (ou não tivemos tempo) de trocar contatos e provavelmente nunca mais nos veremos novamente, talvez assim seja melhor, vira lenda. Só assim esse momento perfeito nunca sairá do meu coração.
A viagem. Nunca fiquei tão louco como no show de Red Hot Chilli Peppers. O som do baixo de Flea tem um poder hipnótico sobre aqueles que o ouvem, sem perceber, você está pulando tanto quanto ele sem saber o que está fazendo. A vontade é cantar junto, erguer os braços, tentar voar. Euforia, psicodelia, alegria, uma viagem sem fim.
Amigos verdadeiros, pessoas de bem, uma vibe positiva, o melhor da música, sai de lá com uma certeza, eu mudei, sou uma outra pessoa com uma nova mente. Respondendo a pergunta do começo, se a vida começasse agora, não sei o mundo, mas eu seria uma pessoa melhor.
(Apesar do tamanho do post, não consegui transcrever 10% do que foi isso pra mim. Se eu puder dar um só conselho a todos vocês ele seria: façam de tudo para ir no próximo Rock in Rio, tudo.)