Em tempos onde o politicamente correto virou regra, está
cada vez mais difícil se expressar. Antes de falar qualquer coisa, eu tento
pensar e repensar se vale realmente ser dito aquilo que eu quero, não porque eu
tenha o objetivo de ofender alguém, mas sim por que não sei como a outra pessoa
irá entender o que eu quero dizer.
Minha vida toda fui acostumado a falar “nego safado”, ou
“viado safado”, ou “tricolor safado”, mas nunca de forma a ofender a quem eu
estivesse me referindo. Ofender de verdade. Até porque sempre me chamaram de
“mago safado” ou “galego safado”, mas sempre na boa. Tanto é que ninguém nunca
se queixou desse tratamento que eu dou aos meus amigos negros, viados e
tricolores.
“Ah, mas é muito bom falar o que tu fala e só ter que se
chamado de ‘mago’ depois”, verdade, muito mais cômodo pra mim. Quando algum
sulista vem com preconceito contra nordestino pro meu lado eu fico revoltado.
Sim, fico, e daí? Tem muito nordestino que adora ser pisado por sulista. Como
eu disse, o que varia é a forma que é dita. Luana mesmo me chama de “paraíba” e
eu falo da cabeça dela por ela ser do Ceará. E até onde eu sei, foi sempre
tranquilo porque não foi de forma ofensiva e sim em tom de brincadeira.
Porém já vi muita gente se doer, e muito, por coisas bem
mais leves. E são com essas pessoas com quem eu procuro ter cuidado. Bronca é
saber quem são essas pessoas, por isso mesmo que cada vez mais procuro me
censurar, evitar falar o que eu quero, por mais inocente que possa ser em minha
cabeça. Acabou que esse blog e meu twitter me restaram como saídas para me
expressar porque neles não preciso dirigir a palavra especificamente a alguém.
No primeiro eu procuro falar de forma mais ampla possível e no segundo viva as
indiretas que elas é que dão graça à vida.
Fui criado em Pesqueira falando da mãe dos meus amigos, da
cor e da sexualidade deles, ou seja, filho da puta, nego e viado. E sempre
convivi escutando essas coisas sobre mim. Mas sempre na boa, nunca ninguém
precisou falar para o outro – “pare”. O limite quem faz é você. E quando eu falar
aqui e não citar o seu nome, se achou ruim, pode ir se foder que eu não tô nem
ai.